Cinco mulheres que fizeram história na indústria aeroespacial

Se hoje já é difícil encontrar mulheres na indústria aeroespacial, imagine só como era há alguns anos, entre 20 ou 40 anos. Não precisamos ir muito longe para identificarmos as lutas históricas que mulheres enfrentaram para garantir seus espaços na sociedade.

Até o século passado, a mulher ainda lutava por um papel social que fosse definido. Ou seja, até pouco tempo nem se pensava que a mulher poderia ter direito ao voto, muito menos a um trabalho remunerado. O que era esperado dentro da sociedade era a dedicação exclusiva ao lar e à família. Apesar desse contexto histórico totalmente desfavorável, surgiram inúmeras mulheres dispostas a enfrentar o que fosse preciso para alcançar seus objetivos.

Na indústria aeroespacial, um setor predominantemente ocupado por homens até os dias atuais, existiram – e ainda existem – mulheres dispostas a enfrentar todas as dificuldades e preconceitos para alcançar aquilo que tanto almejam. Elas foram pioneiras em um um meio que era, até então, exclusivamente masculino. Algumas delas, além de serem as primeiras mulheres a conquistar algo nos setores da astronáutica ou da aeronáutica, também o fizeram antes mesmo dos homens conseguirem (GIRL POWER).

conheça cinco grandes mulheres da indústria Aeroespacial!

Antes de tudo, vale ressaltar que houveram duas  mulheres de extrema importância na aeronáutica no Brasil, Thereza de Marzo e Anésia Pinheiro Machado. Elas realizaram o voo solo, ou seja, sem nenhum outro piloto dentro do avião no mesmo dia, em 17 de março de 1922. Thereza, no entanto, é considerada a primeira piloto mulher brasileira, já que sua licença foi emitida um dia antes da de Anésia.

Thereza de Marzo e Anésia Pinheiro Machado

Thereza de Marzo e Anésia Pinheiro Machado

A título de curiosidade, Anésia Pinheiro Machado, apenas cinco meses após ser “breveada”, realizou o primeiro voo interestadual entre São Paulo e Rio de Janeiro. A viagem durou quatro dias, viajando apenas uma hora e meia diariamente. Ao chegar ao Rio de Janeiro, foi recepcionada por Alberto Santos Dumont, o inventor do avião.

1. ADA ROGATO

Foi a terceira mulher brasileira “breveada”.

A escolha de Ada deve-se ao fato de ela ter conquistado coisas que nem mesmo os homens ainda tinham feito, como, por exemplo, atravessar a Amazônia em um voo solo.

Ada Rogato - mulheres na indústria aeroespacial

Nome completo e data de nascimento: Ada Leda Rogato, 22 de dezembro de 1910.

Onde nasceu: São Paulo, Brasil.

Percurso

Ada sofreu com a separação dos pais, tendo que ajudar a mãe não apenas em atividades domésticas, mas também em trabalhos para garantir o próprio sustento. Algum tempo depois, começou a trabalhar para viver como funcionária pública estadual, conseguindo juntar dinheiro suficiente para as aulas que lhe deram, em 1935, o primeiro brevê de voo a vela.

Contribuições e conquistas

Além de ter tirado em 1935 o primeiro brevê feminino, em 1936 conquistou a primeira licença concedida a uma mulher pelo Aeroclube de São Paulo. E devido a um curso de paraquedismo feito no Campo de Marte em 1941, ela garantiu o primeiro certificado de pára-quedista concedido a uma brasileira.

Na Segunda Guerra Mundial, realizou voluntariamente 213 voos de patrulhamento aéreo do litoral paulistano. Além disso, em 1948, quando as autoridades permitiram o combate aéreo à broca-do-café – praga que ameaçava as plantações do principal produto de exportação nacional na época, Ada aceitou o desafio de cumprir a tarefa que a transformou em pioneira do polvilhamento aéreo no Brasil.

Em 1956, foi convidada a fazer parte da comissão organizadora das comemorações do Cinquentenário do primeiro voo do 14-bis. A sugestão foi a realização de um reide por todos os Estados e Territórios brasileiros para homenagear e divulgar os feitos de Santos-Dumont. Nesta viagem, ela percorreu 25.057 km em 163 horas de voo. O roteiro não se restringiu às capitais, ela foi além, estendendo sua viagem a locais perdidos do interior, trechos quase inexplorados do Centro-Oeste, e descendo em campos recém-abertos na mata. Foi, mais uma vez, pioneira ao atravessar sozinha e num pequeno avião a selva amazônica, incluindo o até hoje temeroso trecho Xingu-Cachimbo-Jacareacanga.

Após ter atingido o Círculo Ártico, o aeroporto mais alto e as profundezas da Amazônia, queria chegar também ao extremo sul do continente. Ada só encerrou a série de grandes viagens em 1960, quando se tornou a primeira piloto a chegar a Ushuaia, na Terra do Fogo (Argentina), a cidade mais ao sul do mundo – ainda a bordo do mesmo Cessna, chamado “Brasil”. E só não foi mais longe nos anos seguintes por não ter conseguido obter um avião maior e mais potente.

Legado

Recebeu os títulos da imprensa nacional e internacional de “Milionária do Ar”, “Águia Paulista”, “Rainha dos Céus do Brasil” e “Gaivota Solitária” (imprensa brasileira, anos 1950); e da revista chilena Margarita ganhou o apelido de “Condor dos Andes”. Em 1984, ganhou um filme de curta metragem – Folguedos no Firmamento, dirigido por Regina Rheda – sobre seus feitos, tendo sido exibido durante 5 anos em cinemas de todo o Brasil.

2. AMELIA EARHART

Pioneira na aviação dos Estados Unidos. Além dos feitos relacionados à aviação, ela foi uma importante feminista e atuou na defesa dos direitos das mulheres. Além disso, sua fama deve-se , também, ao fato de sua morte misteriosa em decorrência de seu desaparecimento.

Amelia Earhart - mulheres na indústria aeroespacial

Nome completo e data de nascimento: Amelia Mary Earhart, 24 de julho de 1897.

Onde nasceu: Kansas, Estados Unidos.

Percurso

O pai de Amelia, chamado Edwin, era alcoólatra, tendo sido forçado a se aposentar de seu emprego na estrada de ferro de Rock Island no ano de 1914, após não obter sucesso em suas tentativas de reabilitação. A avó materna de Amelia, Otis, morreu repentinamente, deixando toda a sua fortuna para ela, mas sob custódia devido ao medo de Edwin gastar todo o dinheiro em bebidas alcoólicas. Após esses acontecimentos, uma série de mudanças ocorrem até que ela chegasse em Chicago, em 1915, onde concluiria o ensino médio.

Nos anos seguintes, Amelia contraiu gripe, pneumonia e sinusite após realizar um treinamento na Cruz Vermelha, em Toronto, durante a gripe espanhola… sua convalescência durou quase um ano e a sinusite crônica decorrente desse período afetaria significativamente os voos que ela realizaria.

Em 1921, trabalhou em diversos empregos, como fotógrafa, motorista de caminhão e estenógrafa na companhia telefônica da cidade, com o objetivo de juntar $1,000 para as lições de voo – na época, ela pegava um ônibus até o ponto final e ainda andava cerca de 6,5 km.

Contribuições e conquistas

Em 21 de maio de 1932, ela se tornou a primeira mulher a cruzar o oceano Atlântico em um voo solo. Partiu de Newfoundland, no Canadá, e chegou a Londonderry, na Irlanda do Norte, 15 horas depois. A viagem foi feita a bordo de um Lockheed Vega 5B. No mesmo ano, em agosto, ela bateu os recordes de tempo de voo e distância percorrida por uma mulher ao voar de Los Angeles a Nova Jersey. A viagem de 3.938 quilômetros foi feita, sem escalas, em 19 horas e cinco minutos.

Outro recorde de Amelia foi a primeira travessia sobre o oceano Pacífico. Em 12 de janeiro de 1935, ela completou um voo entre o Havaí e Oakland, na Califórnia, uma distância de 3.875 quilômetros feita a bordo do avião Lockheed 5C.

Legado

Amelia deixou um legado de inúmeros recordes, além de sua inspiração mundial para várias mulheres. Também ganhou um filme e foi inspiração para vários escritores, músicos, etc. O cantor/compositor inglês Tom McRae, em seu quarto álbum King of Cards (2007), compôs uma canção chamada “The Ballad of Amelia Earhart“.

Em 23 de outubro de 2009, foi lançado o filme “Amelia”, com Hilary Swank no papel de Amelia Earhart e baseado na biografia escrita por Susan Butler, Mary Lovell e Elgen Long. A direção foi realizada pela indiana Mira Nair. Além disso, o Amelia Earhart Memorial Scholarships (criado em 1939 pelas “The Ninety-Nines”), fornece bolsas de estudo para mulheres para pilotagem, em universidades e cursos técnicos.

3. VALENTINA TERESHKOVA

Primeira mulher no espaço. Era paraquedista e participou do programa espacial russo a bordo da nave Vostok-6.

VALENTINA TERESHKOVA - mulheres na indústria aeroespacial

Nome completo e data de nascimento: Valentina Vladimirovna Tereshkova, 6 de março de 1937.

Onde nasceu: Bolshoye Maslennikovo, Rússia.

Percurso

De uma família proletária – seu pai era um motorista de trator, desaparecido na guerra russo-finlandesa de 1940. Valentina só entrou para a escola aos oito anos e começou a trabalhar aos dezoito, em uma fábrica têxtil, para ajudar a mãe viúva. Quando chegou à adolescência, começou a se interessar pelo paraquedismo e fez treinamento no aeroclube local. Seu primeiro salto foi aos 22 anos, em 21 de maio de 1959, enquanto trabalhava na indústria têxtil.

Contribuições e conquistas

Foi a primeira mulher a fazer um voo espacial, no dia 16 de junho de 1963. Ela estava sozinha a bordo da nave Vostok 6. Durante 70 horas e 50 minutos, ela deu 48 voltas ao redor da Terra. Todo o voo foi feito com controle manual da nave espacial. Após entrar novamente na atmosfera terrestre, Valentina saltou de paraquedas para chegar ao solo. Todavia, ela teve problemas em seu retorno. Além da falta de rádio, após a nave ter sido colocada em órbita descendente e os procedimentos de descida terem sido iniciados, Valentina quase caiu dentro de um lago em sua descida de paraquedas – depois de ser ejetada Vostok VI, já na atmosfera. Ela relata em suas memórias que se isso tivesse acontecido, muito provavelmente não teria sobrevivido, pois não teria forças para nadar até a borda em decorrência de desidratação, cansaço e outros fatores.

Legado

Valentina retornou como uma heroína nacional e passou a participar ativamente da vida política russa. Fez parte do parlamento da União Soviética e, em 2011, foi eleita para o cargo de deputada na Rússia, cargo que exerce ainda nos dias atuais.

4. APRILLE ERICSSON-JACKSON

PhD em engenharia mecânica e Aeroespacial. Foi a primeira mulher negra a receber um PhD em engenharia pelo Goddard Space Flight Center.

 APRILLE ERICSSON-JACKSON - mulheres na indústria aeroespacial

Nome completo e data de nascimento: Aprille Ericsson-Jackson, 1 de abril de 1963.

Onde nasceu: Nova Iorque, Estados Unidos.

Percurso

Aprille passou em todos os exames de admissão nas escolas técnicas de Nova York, ela optou por se mudar para Cambridge, Massachusetts, para morar com os avós e frequentar a Cambridge School of Weston. No ensino médio, ela participou de ligas de softball e basquete em toda a cidade e no interior, enquanto ganhava altas honras escolares.

Ela também foi aceita no rigoroso programa de enriquecimento acadêmico, UNITE (hoje conhecido como Minority Introduction to Engineering, Entrepreneurship and Science ou MITE). Graduou-se no ensino médio com honras e participou do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde esteve envolvida em vários projetos de pesquisa com o Laboratório de Física aplicado.

Contribuições e conquistas

Desenvolvimento de um giroscópio de fibra óptica e criação de um banco de dados para atividades de flutuabilidade neutra de Extravehicular Activity (EVA) – Atividade Extraveicular – calculados no NASA Johnson Space Center. Formou-se em engenharia aeroespacial no MIT. Depois foi para Howard University, em Washington, onde ela se tornou a primeira mulher afro-americana a receber um Ph.D. em engenharia mecânica e a primeira mulher afro-americana a receber um doutorado em engenharia do Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA.

Legado

Suas muitas honras incluem a Rede das Mulheres, as 18 principais mulheres que mudarão o mundo, Mulheres na Ciência e Engenharia para a Realização de Engenharia, Representante da NASA para a Casa Branca, e, mais recentemente, em 2016, o Prestigious Washington Award.

5. PEGGY WITHSON

Foi a primeira mulher a comandar a Estação Espacial Internacional. É recordista de tempo de permanência no espaço e doutora em bioquímica.

PEGGY WHITSON - mulheres na indústria aeroespacial

Nome completo e data de nascimento: Peggy Annette Whitson, 9 de fevereiro de 1960.

Onde nasceu: Mount Ayr, Iowa, Estados Unidos.

Percurso

Possui bacharel em Biologia/Química pela Iowa Wesleyan College em 1981 e Doutorado em Bioquímica pela Rice University em 1985. Ela iniciou seus estudos no Centro Espacial Johnson (JSC) da NASA em Houston, Texas, como Pesquisadora Associada Residente (National Research Council). Foi professora adjunta no Departamento de Medicina Interna e do Departamento de Química Biológica Humana e Genética da Universidade do Texas Medical Branch.

Em abril de 1996, quis se tornar uma astronauta, foi selecionada como Candidata a Astronauta e começou a treinar em agosto de 1996. Após completar dois anos de treinamento e avaliação, foi designada para funções técnicas na Divisão de Planejamento de Operações do Escritório de Astronauta e serviu como líder para a Equipe de Suporte ao Teste de Tripulação, na Rússia de 1998 a 1999. De novembro de 2003 a março de 2005, ela atuou como vice-chefe do Escritório de Astronautas.

Contribuições e conquistas

Whitson completou dois passeios de seis meses a bordo da Estação Espacial Internacional, o segundo como o comandante da estação para a Expedição 16 em abril de 2008. Esse foi o segundo voo espacial de longa duração de Whitson. Ela acumulou 377 dias no espaço entre as duas missões, maior intervalo de tempo que qualquer mulher já tinha ficado no espaço até a época. Whitson também realizou um total de seis caminhadas espaciais de carreira, totalizando 39 horas e 46 minutos.

Whitson foi lançada ao espaço em 17 de novembro de 2016, como parte da Expedição 50/51 e retornou com segurança à Terra em 3 de setembro de 2017. Ela contribuiu para centenas de experimentos em biologia, biotecnologia, ciências físicas e ciências da terra, recebeu várias espaçonaves de carga fornecimentos e experimentos de pesquisa, e realizou seis caminhadas espaciais combinadas para realizar manutenção e upgrades na estação. Whitson participou de quatro caminhadas espaciais, elevando o total de sua carreira para dez. Com um total de 665 dias no espaço, Whitson detém o recorde norte-americano, ficando em oitavo lugar na lista de resistência de todos os tempos.

Legado

Ela ganhou mais de 15 prêmios ao longo de sua carreira, dentre eles: Hall da Fama da Aviação de Iowa (2011); Medalha Russa de Mérito pelo Espaço (2011); Medalha de Vôo Espacial da NASA (2002, 2008).

Mulheres na indústria Aeroespacial

mulheres na indústria aeroespacial

Graças às mulheres pioneiras em suas respectivas áreas, várias portas foram abertas. Mas não se engane, no setor aeroespacial ainda há várias vertentes a serem alcançadas pelas mulheres. As mulheres já percorreram um longo caminho, mas a luta por um espaço ainda maior deve continuar, “porque é trabalhando que a gente vai mostrar que as diferenças só existem na cabeça das pessoas” – Maria Cecília, professora de Engenharia Aeroespacial, UFMG.

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