ISO 17025: Entenda o que mudou da versão de 2005 para a de 2017

A norma técnica ISO 17025 tem reconhecimento internacional tratando da qualidade de medições de laboratórios. Aqui no Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) adotou a norma sobre o título de “Requisitos Gerais para Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração”.

Discutimos anteriormente aqui no blog a importância e a finalidade da ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017. No entanto, você sabe o que levou essa norma a ser atualizada em 2017? A primeira edição da norma foi lançada em 1999, a segunda em 2005, o que será que mudou?

Por que uma norma é atualizada?

Todos os setores da sociedade acabam suscetíveis a mudanças com o tempo, sejam elas de grandes ou pequenas proporções. Uma norma técnica é redigida para estabelecer uma exigência cujo propósito é sempre positivo: assegurar qualidade, afirmar segurança, administrar um sistema padrão, entre outros fins. Com as mudanças nos mais variados setores, torna-se indispensável a revisão periódica das exigências promovidas pelas normas. Tais mudanças podem ser feitas visando adequar novos assuntos, modificar requisitos que agora são inadequados ou remover tópicos que, no tempo atual, se mostram prejudiciais.

17025:2005 versus 17025:2017 – Qual é a real diferença?

Primeiro, é importante entender que a ISO 17025:2017, terceira edição dessa norma, na verdade cancela e substitui a versão datada de 2005. A descrição da própria ABNT sobre a norma de 2005 indica seu objetivo como “especificar os requisitos gerais para a competência em realizar ensaios e/ou calibrações, incluindo amostragem; cobrir ensaios e calibrações realizados utilizando métodos normalizados, métodos não normalizados e métodos desenvolvidos pelo laboratório.”. O objetivo da edição de 2017, por sua vez, é dado pela ABNT como “especificar os requisitos gerais para a competência, imparcialidade e operação consistente de laboratórios.”. Nota-se que trata basicamente da mesma coisa, portanto, entraremos mais a fundo nos documentos para entendermos as particularidades de cada versão.

Como as duas edições se apresentam?

A norma ISO/IEC 17025:2005 se dividia em duas seções principais: “Requisitos da direção” e “Requisitos técnicos”. Já na documentação da versão de 2017, isso foi modificado para cinco seções principais: “Requisitos gerais”, “Requisitos de estrutura”, “Requisitos de recursos”, “Requisitos de processo” e “Requisitos do sistema de gestão”. Logo, fica claro uma maior organização quanto aos procedimentos que asseguram a qualidade dos resultados do laboratório. Na verdade, a norma de 2017 está mais direcionada para o resultado da ação e menos para a maneira como esse resultado é alcançado. Dessa forma, os requisitos estão mais baseados no desempenho e menos prescritivos.

Na ISO 17025:2017, não são mais exigidas políticas e procedimentos para confidencialidade. Em suma, a maneira como as informações são protegidas dizem respeito ao laboratório e ao seu pessoal interno e externo, juntamente com o provedor externo. Novamente percebe-se que a edição atual estabelece requisitos, mas não faz exigências quanto a forma com que eles devem ser cumpridos. Em todos os âmbitos é perceptível o quanto a terceira edição da 17025 retira políticas desnecessárias que não afetavam diretamente a qualidade do laboratório. Foi possível, então, flexibilizar o processo de medição ou calibração, com exigência de um resultado mais descritivo.

O quê a ISO 17025:2017 traz de novo?

Novos requisitos foram incluídos na ISO 17025:2017, como a exigência de uma regra de decisão claramente definida. Essa regra de decisão, pontuada como “regra que descreve como a incerteza de medição é considerada ao declarar a conformidade com um requisito especificado”, deve ser comunicada e acordada com o cliente, a não ser que seja inerente à norma ou especificação solicitada.

Além do mais, alguns erros de tradução foram corrigidos. Assim como o termo “check”, que era entendido somente como “verificação” e passou a ser desmembrado como “checagem” quando relacionado a equipamentos e “conferência” quando relacionado a dados e resultados. Mudanças como essa são importantes, “check”, por exemplo, indica que a ação a ser realizada pode ser simples, não necessariamente tão complexa quanto uma verificação. Ademais, notas foram acrescentadas para facilitar o entendimento de alguns termos e requisitos, amenizando quaisquer ambiguidades ou problemas de sintaxe.

O Manual da Qualidade

A edição da norma ISO 17025:2017 eliminou também os requisitos para que haja um Manual da Qualidade e para o conteúdo deste manual. Além disso, a própria exigência de uma “estrutura para a documentação” não existe mais. Dessa maneira, a obrigatoriedade da inclusão, referenciação ou vinculação de processos, sistemas, registros e documentação ao sistema de gestão continua existindo, mas de maneira muito mais flexível. No entanto, a importância do Manual da Qualidade para uma empresa não deixa de existir.

A mudança foi mesmo necessária?

Em conclusão, fica explícito ao comparar as duas últimas versões da norma ISO 17025 que sua atualização foi responsável por tornar mais objetivo os métodos e requisitos para assegurar a qualidade do processo de medição e calibração de um laboratório. Com o foco na eficiência, a versão de 2017 não mais promove obrigações e instruções desnecessárias. A cada laboratório é permitido a adequação para a forma que mais lhe gera bons resultados, juntamente com uma maior qualidade. Os termos ficaram melhor explicados e as atribuições essenciais mais evidentes e detalhadas. Logo, claramente se tratou de um avanço da ABNT. 

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Autor: Rafael Goulart

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