Desde que começamos a nos questionar sobre o espaço e a imensidão que nos cerca, ouvimos falar sobre a NASA. A organização, que foi uma das principais responsáveis por quebrar fronteiras científicas e permitir à humanidade alcançar lugares antes inimagináveis é, com certeza, o primeiro nome que nos vem à cabeça quando pensamos no assunto. É difícil, ou até quase impossível, recordarmos um momento da história em que os avanços da NASA não estavam diretamente influenciando a linha do tempo.
No entanto, mesmo conhecendo alguns dos seus maiores feitos, muitas pessoas não são familiarizadas com a sua história e o porquê de seu surgimento. Sendo assim, trouxemos aqui pouco da história da NASA, desde o seu surgimento até os dias atuais, destacando as missões mais importantes e o seu impacto na formação do mundo como o conhecemos hoje.
O Contexto Histórico da Época
Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo entrou em um estado de “paz armada”, chamado de Guerra Fria. O momento marcou a ocasião em que os Estados Unidos e a antiga União Soviética batalharam, sem confrontos diretos, pela hegemonia do globo. O nome Guerra Fria, inclusive, surge justamente por ter sido uma guerra que nunca chegou a se ser disputada na esfera militar. Nesse contexto, um dos muitos campos de batalha indiretas por desenvolvimento e influência foi, portanto, a indústria de Tecnologia Aeroespacial.
A Corrida Espacial, como ficou conhecida, então, foi marcada pela luta entre os EUA e a URSS pela supremacia na exploração espacial. Nesse período, portanto, houve um intenso e acelerado desenvolvimento tecnológico nesse setor, que começou a se concretizar com o lançamento do Sputnik I. Esse satélite soviético era bastante simples e de pequeno porte, e ficou em órbita por cerca de 21 dias, em 1957.
Logo depois, foi lançado um satélite de maior porte e mais avançado que o primeiro: do Sputnik II. Ele foi o responsável por carregar o primeiro ser vivo ao espaço, a cadela Laika. Embora ela tenha ficado famosa pelo feito, infelizmente não sobreviveu à viagem. Com esses primeiros passos, a URSS colocou-se à frente na Corrida Espacial, instaurando nos EUA a necessidade de revidar.
O início da história da NASA
Em 29 de Julho de 1958, nasceu, assim, a NASA (National Aeronautics and Space Administration), agência do Governo Federal dos EUA que substituiu a NACA (National Advisory Committee for Aeronautics), cujo surgimento foi uma consequência direta dos avanços feitos pela URSS. Os EUA, preocupados com a ameaça dos satélites soviéticos para com a sua segurança e hegemonia tecnológica, criam a NASA para orientar suas atividades espaciais.
O surgimento da agência possibilitou, assim, uma aceleração incrível no desenvolvimento de tecnologias de vôo espacial humano e robótico. Por mais que esse desenvolvimento já havia começado com a NACA, agora aconteceria dentro de uma organização com um propósitos mais definidos. Além disso, como consequência, a agência ganharia agora um maior reconhecimento por parte do Governo, recebendo, assim, um maior repasse de verba.
Missões que fizeram História
Com o passar dos anos, a NASA continuou produzindo tecnologias espaciais que revolucionam o setor até hoje. O que “começou” como um impulso da Guerra Fria se transformou em um desejo de se consolidar no ramo e conhecer mais sobre o céu e o espaço. A NASA, por sua vez, foi desenvolvendo missões cada vez mais complexas, que nos possibilitaram alcançar cada vez mais longe. Dentre elas, iremos destacar algumas que consideramos fundamentais:
O Projeto Mercúrio
O Programa Mercury foi o primeiro programa de missões tripuladas da história da NASA, que começou a ser desenvolvido em 1958. O Mercury foi responsável por enviar o primeiro homem americano ao espaço em 1961 (apenas 1 mês após a URSS ter enviado Yuri Gagarin). O programa espacial que durou cerca de 5 anos tinha seus objetivos claros: fazer uma espaçonave tripulada orbitar em torno da Terra e analisar e investigar o funcionamento do corpo humano no ambiente espacial. Desse modo, com as suas missões, a NASA conseguiu coletar um conhecimento essencial para os projetos que viriam a seguir. Esses conhecimentos foram fundamentais, principalmente, para o programa Apollo, que viria a colocar o primeiro homem na superfície da Lua.
O Projeto Gemini
O Programa Gemini teve início após o Programa Mercúrio, e, assim como o seu antecessor, foi essencial para possibilitar os pousos de missões tripuladas na Lua. Ele consistiu em uma série de missões tripuladas que foram lançadas entre os anos de 1965 e 1966, carregando dois astronautas por vez (origem do nome da missão, visto que a nave foi construída para levar duas pessoas).
É importante destacarmos que a cápsula desenvolvida para esse projeto era muito semelhante à do Projeto Mercúrio, mas podia carregar dois astronautas ao invés de apenas um. Por outro lado, podia mudar a maneira com a qual voltada à órbita e também podia alterar a órbita em que estava. Além disso, devemos considerar, ainda, as seguintes realizações do programa, que foram fundamentais para o futuro da NASA:
- a missão Gemini 4 marcou a história da NASA com a primeira Caminhada Espacial com um homem estadounidense;
- a Gemini 8 conectou-se com outra nave não tripulada em órbita;
- já a Gemini 10, além de se conectar com outra nave, usou o propulsor dela para movimentar as duas;
- e a Gemini 11 voou mais alto que qualquer outra missão anterior da NASA.
Em suma, assim como o Programa Mercúrio, o Programa Gemini trouxe muitos conhecimentos essenciais para a realização da missão Apollo. Por exemplo: o que acontece quando os astronautas passam muitos dias no espaço; o funcionamento do traje espacial; e como conectar duas naves espaciais.
O Projeto Apollo
O Programa Apollo foi responsável por 11 missões tripuladas e 6 não tripuladas (as 6 primeiras), incluindo o primeiro pouso e a primeira caminhada do homem na Lua, com o Apollo 11. Os primeiros 4 voos tripulados foram responsáveis por testar os equipamentos e a tecnologia desenvolvidos para a missão. Já dos outros 7, 6 chegaram a pousar na Lua. Com isso, um total de 12 astronautas andaram sobre a sua superfície, conduzindo estudos científicos, analisando a superfície lunar e até mesmo coletando pedras.
Para o programa, foi desenvolvida uma espaçonave com dois módulos: o Módulo de Comando Apollo foi usado para transportar os astronautas da Terra para a Lua e vice-versa, enquanto o Módulo Lunar foi construído para levá-los da órbita do satélite natural à sua superfície, e então de volta para a órbita.
O Programa Apollo teve grande importância por si só, visto que permitiu ao homem, pela primeira vez, sair da órbita terrestre e visitar outro corpo celeste. Vale destacar que esse programa fundamental na história da NASA não só tornou possível tudo isso, como também incentivou a humanidade a explorar distâncias cada vez maiores. Além disso, o programa Apollo foi o responsável pela primeira parceria internacional no espaço, com o Programa de Testes Apollo-Soyuz, entre a NASA e o Programa Espacial Soviético.
O Space Shuttle
O Space Shuttle foi o primeiro sistema de transporte espacial da NASA, e durante os seus 30 anos de funcionamento (1981-2011), carregou astronautas e cargas em viagens de ida e volta da órbita terrestre. Ao todo, 355 pessoas voaram em 135 missões conduzidas por esse modelo de nave espacial. Além disso, ao longo da sua história na NASA, o Space Shuttle: lançou satélites; serviu como laboratório científico em órbita, onde foram conduzidos diversos experimentos; foi responsáveis por reparos em outros aparatos no espaço, como o telescópio Hubble; e, durante suas missões finais, foi majoritariamente utilizado para a construção da Estação Espacial Internacional.
O Space Shuttle era composto de três partes principais:
- o orbitador, que consistia no “avião” grande e branco no qual a tripulação vivia e trabalhava, e o único componente a entrar em órbita;
- o tanque externo, que consistia em um tanque largo e laranja de combustível que era anexado na base do orbitador para o lançamento;
- e, por fim, os impulsionadores sólidos de foguete, que forneciam a maior parte da tração nos primeiros 2 minutos de lançamento.
A Estação Espacial Internacional
A Estação Espacial Internacional (ISS) foi construída entre 1998 e 2011 e foi um projeto de colaboração multinacional entre cinco agências espaciais participantes: NASA (EUA), Roscosmos (Rússia), ESA (Europa), JAXA (Japão) e CSA (Canadá). Portanto, o seu uso não é restrito a uma só nação e é definido de acordo com tratados entre os países. Seus módulos/componentes foram construídos e testados de forma separada e conjunta, em solo; lançados aos poucos e montados no espaço, formando a estação como a conhecemos hoje.
A estação consiste em um grande laboratório, que serve de estudo da microgravidade e do ambiente espacial. Suas pesquisas são voltadas principalmente para a astronomia, a astrobiologia, a meteorologia, a física e outras áreas. Esses experimentos são realizados por astronautas que habitam a estação durante certos períodos de tempo – habitada desde 2000. Além disso, a estação também testa sistemas espaciais e equipamentos que poderão ser usados em viagens de longas distâncias no futuro, como para Marte.
O que a NASA faz atualmente e quais os planos para o futuro?
A NASA e seus planos futuros continuam impactando diretamente a história da exploração humana do espaço, e da ciência e da tecnologia como um todo. Atualmente, a agência estuda novas tecnologias de diminuição de ruído de aeronaves supersônicas, além de planos para voltar à Lua e possibilitar a ocupação futura de Marte.
O QueSST
A NASA trabalha com o setor aeronáutico há décadas, e o desenvolvimento de tecnologias por essa agência tem trazido grandes inovações para a aviação mundial. No momento, estão ocorrendo os testes do “Quiet Supersonic Technology (QueSST) Preliminary Design Model” (Modelo preliminar da tecnologia supersônica silenciosa). O projeto tem como objetivo diminuir consideravelmente o ruído produzido por aviões voando a velocidade supersônica, permitindo, portanto, que eles voem mais próximos à superfície.
O Programa Artemis, um novo passo na história da NASA
Com o Programa Artemis, a NASA planeja, até 2024, enviar mais astronautas para a Lua, incluindo a primeira mulher. Além disso, o programa procura, também, estabelecer, com as novas tecnologias desenvolvidas, um sistema de exploração de toda a superfície lunar. Dessa forma, será possível que humanos e robôs exploradores alcancem regiões da Lua que nunca foram alcançadas antes. Dentro de seus objetivos, a NASA planeja que a Artemis encontre água na Lua e utilize-a junto com outros recursos para viagens de longas distâncias.
Vale destacar que a missão irá possibilitar investigar os mistérios desse satélite natural e compreender mais sobre o nosso planeta de origem. Além disso, poderemos aprender como é viver na superfície de outro corpo celeste e testar as tecnologias necessárias para enviar astronautas em missões para Marte.
Novas tecnologias
Para esse Programa, ainda, uma série de novas tecnologias foi construída:
- o Sistema de Lançamento Espacial, que consiste em um novo foguete de grandes proporções que enviará astronautas e cargas para a Lua e além;
- a Orion, a nave espacial que carregará astronautas até a órbita lunar;
- o Gateway, que consistirá em um posto avançado, na órbita da Lua, que será essencial para a exploração sustentável desse satélite a longo prazo – com retornos contínuos dos humanos à superfície lunar – e também um “ponto de parada” para missões de exploração espacial mais distantes;
- e os “pousadores lunares”, sistemas que irão atracar com a nave espacial Orion ou com o Gateway, para carregar astronautas para a superfície lunar e de volta para a órbita da Lua em segurança.
Como a Lua é cerca de 1.000 vezes mais distante da Terra que a Estação Espacial Internacional, chegar a esse satélite e investir na sua exploração requer o desenvolvimento de sistemas que possam operar a uma distância muito maior do planeta, e que possam, além disso, suportar as necessidades da vida humana e ainda serem leves o suficiente para seu lançamento.
Assim, a exploração da Lua está intimamente ligada à do planeta vermelho. Fornece oportunidade de teste para novos instrumentos e equipamentos, como habitats humanos, sistemas de suporte à vida e etc, além de possibilitar a vivência de astronautas no Gateway por longos períodos de tempo, ajudará a compreender como o corpo humano reage em um ambiente espacial mais profundo (muito além da órbita terrestre), tendo em vista que as viagens para Marte durarão anos.
A história da NASA na exploração de Marte
Além dos planos de enviar missões tripuladas para Marte, que têm como caminho a exploração da Lua pelo Programa Artemis, a NASA planeja continuar o estudo desse planeta por meio do envio de sondas. O último lançamento de um Rover para o planeta vermelho ocorreu em julho de 2020. Em conjunto, também foi enviado um helicóptero (o primeiro), que tem como um de seus objetivos testar a viabilidade da utilização de veículos mais pesados que o ar em Marte. No geral, os estudos desse planeta ajudam a compreender melhor a sua formação e como habitá-lo. Além disso, permite conhecer melhor sobre a evolução do nosso próprio planeta.
Já conhecia a História da NASA? Quer saber mais?
Concluímos, aqui, que a história da NASA surgiu como uma tentativa de demonstrar poder tecnológico em um contexto de situação política mundial muito instável. No entanto, com o passar dos anos e com o fim desses conflitos ideológicos, a agência tornou-se mais aberta e colaborativa. Agora, a NASA trabalha firmemente em busca do avanço da humanidade pelo Universo e da difusão do conhecimento sobre astronomia e astronáutica para todos, deixando isso muito claro, inclusive, no seu lema, traduzido como “Para o benefício de todos”.
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Autora: Yasmim Carvalho