Na construção de home studios, estúdios de gravação ou outros espaços destinados à produção de som, muitas vezes encontramos obstáculos para isolar e tratar o ambiente da melhor forma possível, de modo a reduzir a transmissão de ruídos e manter uma qualidade de som agradável. Um dos principais desafios para alcançar o nível desejado é a dificuldade de compreender como as características do som e os seus fenômenos podem ter impacto no isolamento e tratamento acústicos. As seguir, vamos introduzir alguns conceitos sobre as ondas sonoras e como elas afetam o nosso objetivo.
O que são as características do som?
Antes de mais nada, é necessário fazer uma diferenciação. As ondas sonoras são ondas mecânicas, cuja propagação ocorre por meio de regiões de compressão e rarefação das moléculas que compõem o meio pelo qual as ondas estão viajando. Já o som consiste em uma sensação auditiva resultante da interação entre as ondas sonoras e os aparelhos internos do nosso ouvido.
Tendo isso em mente, poderemos compreender as características fisiológicas do som, que se relacionam às propriedades das ondas sonoras.
A altura de um som consiste na distinção entre sons agudos e graves, e relaciona-se à frequência das ondas sonoras. Quanto maior a frequência, mais alto e mais agudo o som, e quanto menor a frequência, mais baixo e mais grave o som.
Já a intensidade do som possui relação com a quantidade de energia que a onda sonora carrega, ou seja, a sua amplitude. Então, quanto maior a amplitude da onda, maior a quantidade de energia que ela carrega e, assim, mais intenso é o som; quanto menor a sua amplitude, menor a intensidade do som.
Por fim, associamos o timbre ao formato da onda sonora. Isso é o que nos permite diferenciar o som produzido por fontes sonoras distintas, como diferentes instrumentos, mesmo que elas tenham a mesma frequência e amplitude.
Como essas características impactam no isolamento do som?
Ao realizarmos o isolamento acústico de um cômodo, as características fisiológicas são considerações extremamente importantes. Primeiramente, devemos analisar a pressão sonora que é produzida no interior do ambiente, ou seja, a intensidade do som, a fim de definirmos o nível de isolamento necessário.
Por exemplo, supondo que estamos trabalhando com dois cômodos distintos: um em que será tocado apenas um violão, sem amplificador, e no outro, uma bateria. Ao comparar a intensidade do som produzido em ambos os ambientes, é evidente que, no segundo, ela é muito maior, o que torna necessário um isolamento mais reforçado que o que é preciso no primeiro. Um exemplo seria a instalação de uma parede dupla de drywall ou o uso de vermiculita expandida.
Já em relação à altura do som, essa característica influencia diretamente no tratamento acústico, haja vista que sons de frequências distintas são absorvidos de maneiras diferentes por materiais acústicos. Para ilustrar, retomamos o exemplo utilizado para a intensidade sonora. Temos, no primeiro cômodo, um violão, que é um instrumento que tradicionalmente produz sons de frequência mais alta, ou seja, mais agudos, ao passo que, no segundo cômodo, temos uma bateria, que emite ondas sonoras de frequência baixa. Dessa forma, quando realizarmos o tratamento destes cômodos, devemos nos atentar ao fato de que temos instrumentos produzindo sons de faixas de frequências diferentes. Portanto, devemos direcionar a escolha de materiais em cada ambiente.
No primeiro, poderíamos optar por painéis acústicos com preenchimento de lã mineral e revestimento de tecido ortofônico. Estes materiais são eficientes para a absorção de ondas de faixas de frequência mais altas. Já no segundo, poderíamos posicionar no cômodo bass traps, também conhecidos como armadilhas de graves, que consistem em elementos voltados para a absorção de frequências baixas.
Quais são os principais fenômenos sonoros e como eles surgem?
Já em relação aos fenômenos sonoros, iremos citar dois principais, que têm grande efeito no direcionamento do tratamento de um cômodo: a ressonância e a reverberação.
A reverberação é o resultado da reflexão reiterativa das ondas sonoras produzidas no interior de um ambiente. Isso provoca o prolongamento do som, mesmo depois da interrupção da sua emissão, prejudicando a sua qualidade. Além disso, costuma-se indicar esse fenômeno pelo tempo de reverberação, que consiste na quantidade de tempo que o nível de pressão do som leva para reduzir 60 dB, depois que desligamos a fonte.
Já a ressonância ocorre quando uma fonte emissora produz ondas sonoras de frequência igual à frequência natural de vibração de um corpo. Isso resulta em um drástico aumento de amplitude, que, por sua vez, como já explicamos, está associada à intensidade do som.
Como os efeitos impactam no tratamento acústico?
A reverberação traz como consequência a persistência do som emitido, mesmo após a sua interrupção; já a presença da ressonância pode resultar na criação de modos acústicos dentro do cômodo, provocando diferenças na intensidade do som dentro do espaço. Em ambos os casos, a qualidade do som é prejudicada, o que torna necessárias soluções para a correção desses fenômenos. Por isso, em casos de reverberação ou ressonância, recomendamos a instalação de materiais absorvedores no ambiente. Para isso, ressaltamos os painéis acústicos, os bass traps (absorvedores de graves) e as nuvens acústicas.
Além da preocupação com os elementos mencionados, também enfatizamos a necessidade de considerar o formato do cômodo. Espaços em que há paralelismo entre as paredes são muito mais prováveis de sofrerem com esses fenômenos, devido à reflexão reiterativa das ondas sonoras. Para isso, recomenda-se a quebra de paralelismo, podendo ocorrer utilizando placas de madeira para alterar o formato do cômodo. Da mesma forma, também são indicados os difusores para o tratamento do paralelismo, já que são responsáveis por distribuir as ondas sonoras que o alcançam pelo ambiente.
Saiba mais!
Sem dúvida, ao lidar com isolamento e tratamento acústico de cômodos, devemos sempre considerar as características do som produzido em seu interior e os fenômenos que este gera, para obtermos um resultado mais assertivo. Logo, se você tem interesse em realizar melhorias na acústica de seu ambiente, ou ainda tem alguma dúvida sobre as características do som, entre em contato conosco! Nossa equipe estará satisfeita em ajudar!
Autora: Yasmim Carvalho
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