Desde 1972 a humanidade não retornou a superfície lunar. Com isso, muitos até se perguntaram por um tempo o porquê desse abandono, e foi-se solucionado pela vontade de se explorar novos lugares do espaço. Porém, agora outra dúvida muito mais inquietante emerge: por que retomar missões de volta à Lua?
O Programa Espacial Artemis
Artemis, a deusa grega da Lua e irmã gêmea de Apolo, toma o lugar de seu familiar como nova inspiração para o nome das próximas missões lunares. O primeiro programa espacial – Apollo – trouxe à humanidade o famoso primeiro passo para a exploração espacial, entretanto, Artemis promete algo além. Esse conjunto de missões de volta à Lua busca alcançar uma base, que será a largada para darmos não apenas passos, mas correr no conhecimento do cosmos.
Objetivos do Programa Espacial
Bom, mas que grande promessa de exploração voltar à Lua pode oferecer? Artemis possui diversos objetivos e trás benefícios inovadores. alguns dos mais marcantes são:
- Descobrir como se mover com segurança e desvendar o material do solo da Lua;
- Desvendar como conseguir montar uma estrutura em solo lunar;
- Tentar chegar pela primeira vez ao polo Sul da Lua, onde há evidências de gelo;
- Os humanos conseguirem viver e trabalhar na Lua ao estabelecer uma base de longo prazo;
- Encontrar uma maneira de manter seres humanos mais tempo fora da Terra;
- Testar tecnologias que podem ser aplicadas nas pesquisas em Marte.
A Lua é parte de uma ambição mais ampla de explorar o espaço, incluindo Marte. Ou seja, parte do plano é estabelecer uma ‘parada’ no nosso satélite natural.
Metas Americanas Ousadas
As metas para o programa Artemis são ousadas em vários âmbitos, desde os riscos, às questões políticas. O maior exemplo de ousadia foi o presidente americano Donald Trump. Ele quer que os EUA executem as missões de volta à Lua em 2024, no entanto, o programa espacial precisará de muito investimento.
Para 2020, o governo Trump pediu um orçamento adicional de $ 1,6 bilhões para o Congresso. Mas a Nasa precisa de um orçamento extra de $ 6 bilhões a $ 8 bilhões por ano para desenvolver o Artemis, o qual precisaria ser aprovado. Um retorno para o nosso satélite natural tem apoio do governo, porém muitos congressistas duvidam do prazo estipulado para 2024.
Além disso, o programa não para em 2024, ao todo contará com mais de 40 missões espaciais, desde tripuladas à missões com experimentos científicos, explorando maneiras pelas quais futuras missões poderão extrair e aproveitar recursos naturais da Lua.
Mulheres na Lua
Outro objetivo marcante desse novo programa espacial é levar a primeira mulher à Lua. É chocante como a desigualdade entre os gêneros se alastrou por toda história e áreas da sociedade. E os dados só comprovam isso.
Dos 12 seres humanos que pisaram no satélite, todos foram homens brancos. Os russos foram os pioneiros a realizarem missões espaciais com mulheres e enviaram Valentina Tereshkova, em 1963. Já a primeira missão americana com uma mulher só ocorreu em 1978 com Sally Ride. Mas claro, a carreira de astronauta na década de 60 exigia testes militares e o exército americano não aceitava mulheres.
Hoje a realidade é outra, e desde aquela época o mundo já realizou 138 lançamentos com 60 mulheres a bordo, mas até hoje nenhuma pisou na Lua. Por isso, as missões de volta à Lua retomam de maneira icônica e quem será a sortuda astronauta?
Há muita especulação, a Nasa tem hoje 38 astronautas em atividade,12 deles são mulheres. Mas, ainda nenhuma foi confirmada, dizem que será uma astronauta já experiente.
“Hoje exigimos mais de um astronauta do que em qualquer outro momento na história”
Michael Barratt, astronauta da Nasa
Riscos e Desafios
Toda missão possui risco, e a coragem de superá-los levou a humanidade ao patamar de hoje, em que relógios analisam nossa saúde e aparelhos celulares são capazes de reconhecer sua voz, face, além de auxiliar em toda sua rotina.
Os principais riscos das missões de volta à Lua são:
- Poeira lunar: os astronautas das missões Apollo tiveram episódios de tosse e problemas respiratórios quando a poeira entrou em sua espaçonave;
- Radiação: é um dos maiores desafios. Fora do campo magnético da Terra, os astronautas estão expostos a doses de radiação cerca de três vezes maiores do que as que eles recebem por dia na órbita da Terra;
- Tempestades solares: será necessário descobrir novas maneiras de se proteger quando o Sol libera para o espaço partículas carregadas (prótons, em sua maioria);
- Queda de meteoritos: proteger os ambientes contra possíveis quedas de meteoritos;
- Produção de Alimentos: um protótipo de estufa lunar já está sendo desenvolvido pela Universidade do Arizona. Verduras e legumes como alface, tomate e batata doce são cultivados sob luzes LED.
- Obter Água: a estudante de doutorado Hannah Sargean diz que “Há mais de 20 maneiras de se obter água de rochas na lua.”
Orion: a Nave Espacial
A Orion era originalmente parte do plano do presidente George W. Bush para voltar à Lua, anunciado em 2004. Quando o projeto foi cancelado em 2010 pelo governo de Barack Obama, a nave foi o único elemento a sobreviver.
Comparativo
Essa nave pesa cerca de 10 toneladas e em comparação com a das missões Apollo, a Orion é muito mais densa no quesito de sua capacidade por metro cúbico. Além disso, seu formato cônico se aparenta com os módulos de comando da Apollo, característica marcante, haja visto o estilo dos ônibus espaciais que surgiram posteriormente.
Tecnologia
Essa nave apresenta uma tecnologia de ponta surpreendente! Ela conta com quatro computadores de voo que podem fazer praticamente tudo sem intervenção humana. Eles foram projetados em princípio para o avião comercial Boeing 787. Mas por meio de reforços para os rigores da viagem espacial, eles foram modificados.
Outro ponto super interessante da Orion é o fato dela estar sendo construída com uso de headsets de realidade aumentada. Esse equipamento auxilia com instruções e modelos que se sobrepõem ao mundo real e assim permite um trabalho de maior eficiência. O uso constante de manuais é evitado e os técnicos conseguem determinar facilmente onde fazer uma perfuração, ou marcar a localização de um ajustador de cabos.
Custo
Todo esse projeto custou cerca de US$ 12,5 bilhões, e um relatório de supervisão do governo publicado em junho detalhou um estouro no orçamento de US$ 1,8 bilhões.
Por fim, talvez esperemos menos de um ano para o voo de estreia dessa máquina, que deve acontecer depois de junho de 2020.
O superfoguete SLS
Outra parte importante para o retorno à Lua, e considerada a grande ferramenta do Projeto Artemis-1, é o foguete que lançará a Orion ao espaço. Chamado de Sistema de Lançamento Espacial (SLS, na sigla em inglês), este foguete é mais alto que um prédio de 30 andares e será capaz de lançar pesos de até 130 toneladas.
Ele poderá chegar às distâncias maiores do que qualquer outra nave espacial já conseguiu. O SLS viajará muito além da Lua em uma missão com duração estimada de três semanas, a uma distância de 440 0 00 km da Terra. A Orion, por sua vez, vai ficar no espaço mais tempo do que qualquer outra espaçonave tripulada com astronautas.
The Gateway
Outra pretensão da NASA é construir uma estação espacial na órbita lunar, onde os astronautas possam fazer uma parada antes de chegar a superfície, chamado de Gateway que significa portal em inglês.
“O objetivo do Gateway é realmente ser um entreposto para chegar à superfície da Lua e depois a Marte”.
Pete McGrath, diretor de vendas globais e marketing da divisão de exploração espacial da Boeing.
Mercado Lunar
Imagine abranger um mercado no espaço, poder enviar cápsulas do tempo, pesquisas e instrumentos científicos, ou até mesmo objetos pessoais á Lua! A empresa Astrobotic prestará esse tipo de serviço, levando pacotes particulares até a Lua, usando um aterrisador robótico.
Além disso, muito mais se espera do nosso satélite natural. Por exemplo, o turismo é provavelmente outra fonte de recursos. Em 2018, a empresa SpaceX, de Elon Musk, lançou os primeiros planos para levar passageiros privados para um voo ao redor da Lua em 2023.
A empresa de serviços financeiros UBS estima que o turismo espacial será um mercado de $ 3 bilhões em 2030.
E não para por ai! Há ideias de ter fornecedores no espaço produzindo combustível de foguete, serviços e outros materiais.
Corrida Lunar
Depois de uma intensa corrida espacial e cinquenta anos após o início da exploração lunar, as idas à Lua continuam sendo um símbolo poderoso.
A meta do ano de 2024 é justificada pelo governo americano como parte dessa ambição por estar passo à frente a uma nova corrida, citando as ambições lunares chinesas.
“Eu acho que existe um grande risco de conflito geopolítico. Se uma nação sozinha decidir criar uma indústria no espaço, então essa nação vai acabar tendo uma tremenda vantagem política, econômica e militar.”
Phil Metzger.
Vamos nos manter de olhos abertos para talvez um começo de novos marcos históricos na política internacional. Já há alguns observadores, que afirmam que nações as quais têm interesse em exploração do espaço, como os EUA, a China e a Rússia, vão precisar coordenar seus esforços para lidar com questões legais incertas, como sobre quem tem direito aos recursos lunares.
Onde Chegaremos?
Com a possibilidade de utilizar a Lua como um entreposto para alcançar Marte e asteroides, nos possibilitará também buscar e atingir novos patamares.
A América e o mundo estão prontos para esta nova era de exploração espacial. O Programa Apollo deu à humanidade sua primeira experiência viajando para um mundo estrangeiro. As sondas planetárias da NASA e os grandes observatórios revelaram o Universo em todo o seu mistério.
Nasa
Onde será que a ciência, astronomia e as missões de volta à Lua nos levará? Será que nos mudaremos completamente um dia, abandonando o planeta Terra? Não sabemos, porém, essa inquietude que nos move, nos levará ao infinito e além!
Autor: Sarah Frizera